A 32ª Promotoria de Justiça da Saúde Pública de Campo Grande, por meio da Promotora de Justiça Filomena Aparecida Depolito Fluminhan, participou na quinta-feira (16/10) de audiência pública na Câmara Municipal de Campo Grande para tratar da crise financeira da Santa Casa. A Promotora de Justiça vem acompanhando há algum tempo os problemas relacionados à saúde pública na Capital, inclusive com  ações impetradas na Justiça. O evento também reuniu autoridades, parlamentares e representantes de outros hospitais e entidades da saúde.

Na abertura da audiência pública, o Presidente da Associação Beneficente de Campo Grande, Wilson Teslenco explicou a situação atual da Santa Casa e afirmou que está trabalhando sem recursos há dois meses. “Nossos recursos para custeio mensal da Santa Casa acabaram em julho, por isso desde agosto já acumulamos uma dívida de R$ 8 milhões”, explica.

Para o presidente da Santa Casa, é preciso que o poder público, representado pelo Município, Estado e União, firme compromisso contratual por meio de convênios com a instituição visando garantir o atendimento à população. “Ao longo dos últimos anos, houve inflação de colaboradores, tecnologia na medicina, preço de equipamentos. Tudo isso aumentou, mas não tivemos a garantia contratual de recursos nem a progressão de aumento”, esclarece o presidente da entidade.

A Santa Casa de Campo Grande, que tem a maior estrutura e demanda hospitalar do Estado, recebe menos verbas públicas que o Hospital Regional Rosa Pedrossian, também na Capital, afirmou o presidente. Segundo ele, o HR recebe R$ 18 milhões mensais em repasses do Estado, Município e União

O Secretário de Saúde de Campo Grande, Jamal Mohamed Salém disse que o Munícipio está fazendo sua parte e destacou todos os repasses que já foram feitos para a Santa Casa.

No dia 9 de outubro, Wilson Teslenco anunciou que pretendia entregar os serviços de atendimento do Pronto-Socorro do hospital à Prefeitura de Campo Grande. A proposta, de acordo com ele, seria uma forma de diminuir o déficit mensal que hoje gira em torno de R$ 4,8 milhões. Para manter o atendimento, o hospital quer mais R$ 4 milhões por mês.

No dia 13 deste mês, o prefeito Gilmar Olarte (PP) confirmou que a Prefeitura da Capital vai colocar em dia o pagamento de um empréstimo feito pela Associação Beneficente de Campo Grande sob responsabilidade do Executivo Municipal. O dinheiro é referente a cinco parcelas de R$ 750 mil referentes ao pagamento de um empréstimo da Santa Casa, assumido pelo Município, mas que ficou suspenso durante a fase de transição entre as gestões de Alcides Bernal e Gilmar Olarte. O presidente da ABCG havia solicitado à Prefeitura o aumento do repasse mensal feito à Santa Casa, de R$ 15 milhões para R$ 19 milhões.

A Promotora de Justiça da Saúde Pública explanou durante a audiência pública a urgência e relevância da questão da renovação do convênio do Município com a Santa Casa, que vencerá no início do mês de novembro, afirmando que o Hospital possui a maior estrutura hospitalar e também a maior demanda do Estado, principalmente para o usuário do SUS, pontuando a inexistência de um Hospital Municipal em Campo Grande, o que demanda grande  sensibilidade e responsabilidade dos gestores Municipal e Estadual.

A Promotora conclamou também o Conselho Municipal de Saúde ao enfrentamento da questão.