A Promotora de Justiça do MPMS e membro auxiliar da Comissão de Planejamento Estratégico do Conselho Nacional do Ministério Público (CPE/CNMP), Ana Lara Camargo de Castro, apresentou, na última sexta-feira (20/4), o painel “Cenários: Reflexo, Pesquisa e Realidade”, em que foram apresentados os dados da pesquisa sobre a posição das mulheres nos cargos de chefia e liderança em todas as unidades do Ministério Público brasileiro.

O painel foi apresentado durante o lançamento do projeto “Direitos Humanos em Pauta” na sede do Ministério Público do Estado da Bahia. Na ocasião, a Promotora de Justiça do MPMS Ana Lara Camargo expôs os dados da pesquisa, mostrando que os postos de chefia e liderança da Instituição são ocupados majoritariamente por homens: “Eles estão sempre nas posições de poder. A maioria dos PGJs são homens, dos Corregedores-Gerais também e os Conselhos de Procuradores são essencialmente compostos por homens”.

Ainda, de acordo com os dados apresentados pela pesquisa, todos os ramos do Ministério Público da União já tiveram uma mulher indicada ao colegiado, mas a situação dos estados é diferente, pois nunca uma mulher foi indicada pelo Conselho Nacional de Procuradores-Gerais (CNPG), que tradicionalmente escolhe ex-PGJS para compor a lista tríplice. Isso, assinalou Ana Lara, “possivelmente tem ligação com o fato de termos pouquíssimas mulheres nas chefias dos MPs”. A membro auxiliar do CNMP apresentou ainda uma pesquisa realizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2017, que constatou que dos eleitos para o cargo de prefeito no Brasil, 641 eram mulheres e 4.841 homens. Já para vereador, foram eleitas 7.821 mulheres e 50.035 homens.

Para a Promotora de Justiça Ana Lara Camargo, essa pesquisa serve para mostrar como se dá a representatividade feminina na Instituição e propor políticas de incentivo para a participação das mulheres nos cargos de chefia do Ministério Público brasileiro:

“A importância dessa pesquisa para a representatividade feminina na Instituição é no sentido de que a partir dela nós vamos saber a dimensão da desigualdade entre homens e mulheres nos cargos de liderança na Instituição e propor algumas políticas de incentivo para as mulheres para que sejam incentivadas e impulsionadas para disputar esses cargos, nós vamos propor algumas discussões no Ministério Público brasileiro”, enfatizou a membro auxiliar do CNMP.

Durante a apresentação do painel, a Promotora de Justiça Ana Lara Camargo destacou dados do Fórum Econômico Mundial que considera índices de desigualdade em quatro eixos: econômico, saúde, educação e participação política das mulheres. “O Brasil teve uma nota péssima na conclusão do levantamento porque a enorme desigualdade na participação política em cargos de liderança e poder fizeram com que chegassem à conclusão de que as mulheres não conseguem ascender nem com a melhoria que têm na economia, saúde e educação”, afirmou.

Sobre a pouca representatividade feminina na Instituição e nas várias esferas da sociedade, a Promotora de Justiça destaca que isso se deve a fatores relacionados aos estereótipos de gênero:

 “Historicamente são saberes, que embora não sejam naturais, de tanto serem repetidos eles se tornam naturalizados, então ainda há uma certa associação automática na figura do chefe, na figura do líder com o homem, e há uma certa associação natural de que a mulher deva ser a responsável pelas tarefas domésticas, responsável pela criação e educação dos filhos, que ela deva sempre colocar o relacionamento, o lar à frente da questão da carreira, então na hora de fazer essas escolhas, às vezes é muito difícil para essas mulheres. A sociedade bota uma responsabilidade absurda nos ombros delas. Então, são vários fatores históricos e socioculturais que levam a essas situações, e é justamente o que queremos discutir: o porquê isso ainda acontecer em uma Instituição como o Ministério Público, e propor algumas soluções viáveis”, destacou.

 

Texto: Ana Carolina Vasques/Jornalista-Assecom - com informações da Assecom CNMP

Foto: CNMP