Com o movimento dos olhos, agilidade e um equipamento de alta tecnologia, a Procuradora de Justiça Sara Francisco Silva assinou e peticionou sozinha no SAJMP, na quarta-feira (2/9), em seu gabinete na sede da Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público de Mato Grosso do Sul. Esse feito singular, mas de relevante importância, só pôde ser realizado devido à aquisição de um mouse ocular para acesso ao computador e comunicação alternativa, equipamento vindo de São Paulo, que traz para o usuário autonomia e independência, sinônimos de uma inclusão eficiente.     

O mouse ocular permite substituir o tradicional cursor do mouse e opera com o movimento dos olhos, oferecendo às pessoas com tetraplegia, ausência ou alto grau de comprometimento dos membros superiores, a possiblidade de utilizar plenamente um computador, através da digitação de palavras, frases ou textos, navegação na web e utilização de qualquer software, usando somente piscadas e movimentos oculares.

Diante dessa informação fornecida pela Terapeuta Ocupacional Fernanda Katayama, que atende a Procuradora de Justiça Sara Francisco Silva, o mouse ocular foi requerido ao Procurador-Geral de Justiça, Alexandre Magno Benites de Lacerda, que prontamente adquiriu o equipamento de alta tecnologia para a Instituição do Ministério Público Estadual.  

A equipe da Secretaria de Tecnologia da Informação (STI) do MPMS foi acionada para avaliar o equipamento, dando parecer favorável. “De fato, esse equipamento dá uma outra condição de trabalho à Dra. Sara. No primeiro contato com o equipamento, a doutora conseguiu abrir o SAJ, abrir o processo, analisar a peça, editar e peticionar, utilizando apenas os olhos. O equipamento é fantástico e dá à doutora independência, inclusive, para acender e apagar a luz, e regular a temperatura do ar condicionado”, afirmou o Promotor de Justiça Paulo César Zeni, Presidente do Comitê para a implantação do SAJ/MP, que acompanhou a instalação do equipamento.

O especialista em tecnologia assistida e representante da empresa contratada, Rafael Alves, esteve em Campo Grande para fazer a instalação do equipamento e demonstrar a utilização à Procuradora de Justiça Sara Francisco Silva e também à equipe multidisciplinar. “Este equipamento é de alta tecnologia e vai dar total autonomia à Dra. Sara. Ele é um mouse que pode ser acionado com o movimento dos olhos. Tudo o que fazemos com o mouse tradicional pode ser feito com os olhos e com agilidade. O diferencial nesse atendimento personalizado é identificar a real necessidade do usuário, no caso da Procuradora, a realização do trabalho com independência”, afirmou Rafael.  

Segundo a Secretária-Geral do MPMS Bianka Karina Barros da Costa, é importante mencionar que não houve licitação para a aquisição desse equipamento, já que o valor estava dentro do praticado no mercado e a empresa é a única representante desse tipo de equipamento, muito específico e singular. Houve na contratação o cuidado para adquirir também o treinamento. “Estamos com a STI monitorando e dando o suporte e apoio necessários para a autonomia da Dra. Sara desenvolver o trabalho dela com independência”.

Esclerose Lateral Amiotrófica – (ELA)

É uma doença degenerativa do sistema nervoso que acarreta paralisia motora progressiva, irreversível, de maneira limitante. O diagnóstico de ELA, em um passado recente, impunha um prognóstico reservado, com ausência de perspectivas terapêuticas. Trata-se de uma doença rara (0,002% da população) e pouco conhecida que merece atenção devido à rapidez da evolução e ausência de cura. Em cerca de 10% dos casos, a ELA é causada por um defeito genético. Nos demais casos, a causa é desconhecida.

A Procuradora de Justiça Sara Francisco Silva recebeu o diagnóstico de Esclerose Lateral Amiotrófica em 26 de agosto de 2009. Porém, ao contrário das estatísticas, a evolução da doença tem sido lenta. Sara Francisco não se entregou diante do diagnóstico, e dá continuidade ao seu trabalho, com a necessidade de auxílio, já que tem limitação motora.

Sara Francisco afirmou que agora poderá trabalhar de maneira mais adequada e independente, sendo que a prontidão, sensibilidade e o interesse manifestado pelo Procurador-Geral de Justiça na inclusão servem de exemplo para os gestores e estímulo aos que possuem limitações físicas.

Waléria Leite – Jornalista/Assessora de Comunicação

Fotos: Ana Paula Leite /Jornalista