No segundo julgamento da Operação Omertà, ofensiva contra o crime organizado conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), quatro promotores de Justiça do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) desempenham um papel crucial na acusação dos réus pela morte de Marcel Hernandez Colombo, ocorrida em outubro de 2018, a mando de milícia armada ligada ao jogo do bicho, conforme as investigações. O júri popular começou nesta segunda-feira (16) e tem previsão de durar pelo menos até quinta-feira (19).

O trabalho de acusação, baseado em um processo com mais de 10 mil páginas, está a cargo dos Promotores de Justiça Douglas Oldegardo dos Santos e Luciana Rabelo Amaral, atuantes junto à 2ª Vara do Tribunal do Júri, além de Moisés Casarotto e Gerson Eduardo de Araújo, ambos lotados no Gaeco.

No primeiro dia do júri, serão ouvidas as testemunhas elencadas pela acusação, entre elas delegados da força-tarefa que investigou o crime. Depois, prestarão depoimento as testemunhas de defesa, seguindo o trâmite legal. O próximo passo são os debates entre advogados de defesa e Promotores de Justiça, até chegar ao momento de os sete jurados decidirem se os réus são culpados pelos crimes de homicídio qualificado e tentativa de homicídio.

No início da sessão desta segunda-feira, as defesas apresentaram questões de ordem, uma delas para desmembrar o júri quanto a um dos réus. Nenhuma foi acatada pelo Presidente do Tribunal do Júri, Aluízio Pereira dos Santos, confirmando a realização do júri.

O crime

Marcel, conhecido como “Playboy da Mansão”, foi executado à queima-roupa, pelas costas, com tiros de fuzil, no dia 18 de outubro de 2018, em um bar da Avenida Fernando Corrêa da Costa, Vila Rosa Pires, em Campo Grande. Um amigo que o acompanhava ficou ferido.

Conforme ficou apurado pelo Gaeco, a história remonta a 2013, quando houve um desentendimento em uma boate de Campo Grande entre Marcel e um dos réus, acusado de ser o mandante do crime e um dos chefes da milícia armada.

Conforme a sentença que determinou o júri, uma ex-namorada de Marcel contou que ele ficou três meses fora de Campo Grande após a briga e chegou a ser alertado de que corria risco.

São acusados do crime dois ex-guardas civis metropolitanos de Campo Grande, um policial federal e o homem identificado como mandante do crime. Dos pistoleiros identificados, um morreu, e o outro está foragido.

Um dos ex-guardas e o chefe da milícia já foram condenados, em julho de 2023, a 23 anos de reclusão por outro homicídio, o de Matheus Coutinho Xavier, de 19 anos, ocorrido em abril de 2019.

O alvo, provou a investigação, era o pai do jovem, também por vingança da família que comandava as bancas de jogo do bicho em Campo Grande. O patriarca da família, também acusado pelas execuções, como mandante, morreu em 2020, no Presídio Federal de Segurança Máxima de Mossoró (RN).

Texto: Marta Ferreira de Jesus
Foto: Assecom/MPMS