“Uma mulher deve ajudar outra mulher...”

Quem acompanha as Reuniões do Conselho Superior do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul percebe que a presença feminina é marcada por mulheres fortes, inteligentes e que chegaram ao cargo de Procuradoras de Justiça pela competência nas atuações que desempenham na Instituição.

Atualmente, o Conselho Superior tem em seu quadro 4 Procuradoras de Justiça eleitas para o biênio 2016/2018, são elas: Ariadne de Fátima Cantú da Silva, Lenirce Aparecida Avellaneda Furuya, Jaceguara Dantas da Silva e Mara Cristiane Crisóstomo Bravo.  Ocasionalmente, a Procuradora-Geral Adjunta de Justiça Administrativa, Nilza Gomes da Silva, preside as Sessões, na ausência do Procurador-Geral de Justiça do MPMS.

O Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul aumentou, ao longo dos anos, o número de mulheres tanto no quadro de membros quanto no de servidores. De acordo com o setor de Recursos Humanos da Instituição, a participação feminina tem aumentado gradativamente e hoje as mulheres ocupam 52% do total de servidores do MPMS.

E qual é a representatividade da mulher no MPMS?

Para Procuradora de Justiça Mara Cristiane Crisóstomo Bravo, o papel da mulher no Ministério Público é de suma importância assim como em outras camadas da sociedade. Para ela, a mulher vem ocupando cada vez mais espaços tanto nas carreiras jurídicas como em outras áreas que eram destinadas apenas aos homens. A Procuradora de Justiça avalia que o MPMS tem aumentado e muito o número de mulheres em seu quadro e lembrou que na época em que prestou o concurso para o MPMS foi a única mulher aprovada:

“A procura da mulher nas carreiras jurídicas demonstra que ela está se lançando mais e sendo mais aceita, porque até passar no concurso era mais difícil para mulher. Ainda existe o preconceito e muito, mas a gente vai continuar lutando para ele diminuir cada vez mais”, declarou a Procuradora de Justiça Mara Crisóstomo.

Sobre o Dia Internacional da Mulher, a Procuradora de Justiça Mara Cristiane afirma que é um dia de glória e de comemoração: “Eu acho que a gente luta 364 dias por ano, nesse dia 8 nós temos que comemorar, dar as mãos a outras mulheres e aproveitar o nosso dia”, enfatizou.

A Procuradora de Justiça Jaceguara Dantas da Silva que recentemente defendeu sua tese de doutorado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), cuja pesquisa intitulada de “O MP no combate à violência de gênero contra a mulher – uma análise sob a perspectiva étnico-racial”, desbravou assuntos sensíveis ao cotidiano da mulher. A Procuradora que tem sua atuação marcada pela defesa dos direitos humanos enfatiza que o papel da mulher no Ministério Público é igual ao exercido pelos homens:

“O papel da mulher no MP é ser efetivamente um Membro do Ministério Público, ativa, competente, efetiva e sobretudo estar ocupando os papéis que lhe cabem na Instituição enquanto membro, é preciso que nós tenhamos mais espaços, no sentido de ocuparmos mais cargos de relevância e estarmos à frente da nossa Instituição, o papel que cabe à mulher no MP para mim, é o mesmo que cabe a um homem, com o mesmo grau de competitividade, com mesmo grau de competência e efetividade “, declarou.

A Procuradora de Justiça Jaceguara Dantas ainda faz uma reflexão sobre o Dia Internacional da Mulher:

“Dia 8 não pode ser só homenagem, é um marco, é um dia de reflexão e sobretudo um dia de olharmos para a realidade das mulheres como um todo, não só as que estão à nossa volta, mas as que são as destinatárias do nosso serviço e nesse sentido é triste perceber que ainda há um longo caminho a percorrer, mas que ele está sendo trilhado e aberto por mulheres guerreiras, combativas e que nós temos por obrigação darmos continuidade a esse caminho”, concluiu.

Já a Procuradora de Justiça e Supervisora da Assessoria de Comunicação do MPMS Ariadne de Fátima Cantú da Silva reflete sobre o cenário de violências e assédios contra mulheres. Para ela ainda há muita luta pela frente, para que um dia homens e mulheres consigam viver de forma igualitária e justa na sociedade:

“Creio fortemente que um dia poderemos olhar para trás e ver um passado longínquo, onde estarão perdidas para sempre as chagas da nossa desigualdade, cujas raízes se escondem ainda entre muitos de nós; Um passado, em que olharemos com olhos surreais, o fato de um homem irrogar-se no direito de ejacular sobre uma mulher em um ônibus; Um passado, em que nunca mais se ouse perguntar às vítimas de estupro, a roupa que vestiam na ocasião; Um passado, em que será nostálgico imaginar que artistas de cinema, precisassem emprestar sua representatividade para encorajar denúncias de estupro, ou exigir cláusulas contratuais igualitárias; Um passado, em que olharemos de forma equidistante, quando lembrarmos que  existiam leis, a  assegurar  salários iguais para trabalhos iguais desempenhados por homens e mulheres, como fez recentemente a Islândia...Um passado, que nos assegure um presente formado por homens e mulheres,  dignos de pertencerem à humanidade”, concluiu a Procuradora Ariadne de Fátima.

A Procuradora de Justiça Lenirce Aparecida Furuya faz uma reflexão acerca das semelhanças e diferenças existentes entre homens e mulheres e pondera que o respeito e o equilíbrio são fundamentais em ambos os gêneros:

“Mulheres e homens: diferentes biologias, diferentes habilidades, diferentes percepções, mas semelhantes responsabilidades. Saber aproveitar tais diferenças, respeitando-as e fazendo com elas um paradigma diferenciado, em que o resultado é melhor do que uma abordagem competitiva, é lição de inteligência e de sabedoria.  As distintas maneiras de ver, inerentes aos diferentes gêneros, se aproveitadas em seu potencial pleno permitem uma percepção mais equilibrada dos fatos e um julgamento mais justo, com a soma da objetividade masculina à sensibilidade feminina, tão necessária nos tempos atuais, onde se vê tanta dificuldade na convivência com o contraditório e tanta incompreensão com as naturais dessemelhanças humanas”.

A declaração que inicia essa matéria “Uma mulher deve ajudar outra mulher” vem da Procuradora-Geral Adjunta de Justiça Administrativa, Nilza Gomes da Silva, que em sua longa carreira dentro do MPMS aprendeu que as mulheres precisam ajudar umas às outras para alcançarem seus objetivos, dessa forma sintetizou a palavra Sororidade:

“Eu vejo que as mulheres têm mais coragem para irem à luta. E para alcançarem seus objetivos, precisam ajudar umas às outras. Sempre que posso eu incentivo as mulheres que trabalham ao meu redor, incentivando nos estudos, na coragem e na luta, porque a mulher pode exercer qualquer papel que quiser na sociedade: ser mãe, dona de casa, professora, promotora de justiça ou qualquer outra profissão, são as nossas conquistas e merecemos estar qualquer lugar que quisermos e sonharmos”, declarou.

*A palavra Sororidade vem do latim onde “Soror” significa irmã: Relação de união, de afeição ou de amizade entre mulheres. União de mulheres com o mesmo fim”.

O Colégio de Procuradores

Há de se destacar ainda a atuação das outras Procuradoras de Justiça que compõe o Colégio de Procuradores de Justiça do MPMS, são elas: Irma Vieira de Santana e Anzoategui, Nilza Gomes da Silva, Marigô Regina Bittar Bezerra, Lucienne Reis D’Avila, Esther Sousa de Oliveira, Sara Francisco Silva além das Procuradoras que compõe o Conselho Superior.

 

Texto e Foto: Ana Carolina Vasques/Jornalista-Assecom