A 10ª Feira do Artesão Livre - Edição do Dia das Mães teve início nesta quarta-feira (8/5) e segue até sexta-feira (10/5) no Fórum de Campo Grande. A exposição reuniu trabalhos artesanais autorais de detentos do regime fechado, aberto e semiaberto, feminino e masculino, da Capital e interior, com o objetivo de divulgar as peças artísticas produzidas pelos internos. Além da atividade colaborar para a humanização da pena e na recuperação para o convívio social, toda a renda é revertida ao custodiado e família.

Promovida pela parceria entre Ministério Público de Mato Grosso do Sul, representado pela 50ª Promotoria de Justiça, Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), Poder Judiciário e Conselho da Comunidade de Campo Grande, a exposição traz novidades nesta nova edição.

“A 10ª Edição é especial do Dia das Mães, preparada com muitos produtos, com esmero, com carinho para presentear não somente as mães, mas as amigas, os amigos também, que são produtos variados. A grande novidade foi o engajamento em tornar público um concurso para a escolha de uma logomarca onde todos os internos poderiam participar. Tivemos a inscrição de 48 trabalhos e através de um corpo de jurados de seis pessoas foi eleita essa logo que a gente está utilizando na Feira do Artesão Livre. Nós temos vários tipos de artesanato, caixas de MDF, crochê, bonecas, bolsas variadas, tapetes, caixinhas, caixas de bebês, telas, barcos, etc”, explica a Promotora de Justiça Renata Goya Marinho, Titular da 52ª Promotoria de Justiça.

Durante a solenidade de abertura da feira, a Promotora de Justiça Jiskia Sandri Trentin, titular da 50ª Promotoria de Justiça que deu engajamento ao projeto, agradeceu a colaboração de todas as pessoas que participam da ação, bem como destacou a importância para a sociedade. “Eu vim agradecer a oportunidade de estar aqui com vocês, de testemunhar um projeto que começou uma sementinha há cinco anos e que foi crescendo. Tudo isso porque tem o envolvimento de muita gente boa, bem-intencionada, trabalhadora, que não se conforma, que quer fazer algo a mais pelo próximo, de amor ao próximo. Quando as ações proporcionam uma nova chance, o nosso trabalho terá valido a pena”, diz emocionada.

Durante a exposição, duas internas deram o depoimento de como a Feira do Artesão Livre contribuiu para as suas vidas. Emocionadas, elas contaram que as pessoas só conseguem mudar quando conseguem meios para isso e que o projeto contribuiu para a própria dignificação. A partir dele, as pessoas sentem orgulho do trabalho que realizam, além de poder ajudar a família. “A gente é bem malvisto na sociedade porque somos presidiários e ex-presidiários, só que a gente quer mostrar que a gente errou, estamos pagando e queremos mudar de vida. Se ninguém der oportunidade para nós, nós não podemos mudar”, explica F.A..

A Promotora de Justiça Regina Dörnte Broch, titular da 23ª Promotoria de Justiça, também depôs durante o evento: “Foi muito emocionante, representando o Conselho da Comunidade, naquele momento eu estava carregando o sonho de centenas de pessoas que passam pela infelicidade de cumprirem pena no nosso sistema prisional, que nós sabemos o quanto é difícil. Quando nós alcançamos o nosso sonho com o coração, o resto chega”.

O Diretor-Presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, também esteve presente na inauguração da 10ª Edição da Feira do Artesão. Para ele, o projeto deseja aproximar a sociedade e as atividades desenvolvidas nos presídios do Estado, além de incentivar os reeducandos. Também disse ter orgulho de fazer parte da iniciativa e parabenizou a atuação das instituições parceiras.

Feira do Artesão Livre

O evento é um projeto desenvolvido há muitos anos na Capital. A iniciativa partiu da 50ª Promotoria de Justiça com a Promotora de Justiça Jiskia Sandri Trentin. Em todas as edições, a organização procura proporcionar novidades para chamar a atenção e fomentar o envolvimento dos participantes.

O concurso para a logomarca teve o intuito de criar um símbolo que representasse o significado da feira e fazer com que os internos participassem do processo de elaboração. A comissão analisou três critérios: relação com o tema do evento; clareza da comunicação e criatividade. Foram premiados com certificado de participação os autores das artes que ocuparam os três primeiros lugares na classificação. O vencedor ainda recebeu um brinde.

Texto e fotos: Nathália Rabelo – estagiária/jornalismo – sob supervisão Waléria Leite