Cerca de 100 pessoas participaram, na tarde desta quinta-feira (26/9), da 1ª Audiência Pública realizada pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul, por intermédio da 32ª Promotoria de Justiça da Saúde, com o tema: “Setembro Amarelo: Suicídio em alerta”. Membros, médicos, profissionais da saúde, acadêmicos, estudantes e servidores assistiram atentos aos palestrantes que discorreram sobre os assuntos suicídio e depressão: possíveis causas, como reconhecer os sinais de risco, tratamento e prevenção.

Participaram da mesa de abertura do evento, Filomena Depólito Fluminhan, titular da 32ª Promotoria de Justiça da Saúde; o Corregedor-Geral do MPMS, Marcos Martins Sottoriva; Mariely Alves Corrêa, que representou o Secretário de Saúde do Estado, Geraldo Resende Pereira; o Desembargador Nélio Stábille, Coordenador do Comitê Estadual do Judiciário para a Saúde; José Mauro Pinto de Castro Filho, Secretário Municipal de Saúde Pública; o Deputado Estadual Antônio Vaz, Presidente da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa; o Vereador Eduardo Cury, representando a Câmara Municipal; e o Médico psiquiatra Juberty Antônio de Souza, Presidente da Academia de Medicina do MS, representando o Conselho Regional de Medicina do Estado de Mato Grosso do Sul.

A Promotora de Justiça Filomena Fluminhan fez a abertura da Audiência Pública, trazendo aos presentes dados que mostram que “o suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens com idade entre 15 e 29 anos. Mato Grosso do Sul é o 2º Estado no Brasil com maior taxa de suicídio, sendo que Campo Grande é a segunda capital no ranking do suicídio. Somente no ano passado, foram registrados 73, correspondendo a mais de 6 suicídios por mês”. A Promotora afirmou ainda que “somente no ano de 2018, foram registradas 1.165 tentativas de suicídios na capital, sendo 97 tentativas ao mês. E os números só vêm crescendo. É um suicídio a cada 40 segundos no mundo e uma tentativa a cada 3 segundos”, encerrou sua fala.

“Se levarmos informação, poderemos detectar sinais que nos permitam agir de modo preventivo. Não se pode esperar apenas do Poder Público a adoção de medidas preventivas, seria importante também iniciativas em escolas, igrejas e associações de bairros para maior sensibilização da sociedade em geral sobre o problema, que não deve ser tratado como um tabu”, afirmou José Carlos Rosa Pires de Souza, médico psiquiatra e professor do curso de Medicina na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, e PhD em Saúde Mental, cobrando das autoridades presentes um olhar mais atento à saúde mental do sul-mato-grossense. Segundo José Carlos Rosa Pires de Souza, “devemos estar atentos a sinais que parecem simples, principalmente com o jovem e o adolescente. Sinais podem salvar uma vida”.

Carlos Rezende, professor e Presidente do Instituto Sangue Bom, fez uma exposição sobre o tema, além de relatar sua experiência como professor que está há 36 anos em sala de aula. “Devemos lembrar da importância da prática de esportes, da disciplina de Educação Física nas escolas, como fator de socialização, desenvolvimento integral e preparo para convivência com as frustrações, ao diferente, à afetividade”, afirmou. O professor lembrou ainda da necessidade do retorno da disciplina Educação Física na educação básica.

José Roberto Campos de Souza, médico homeopata, falou sobre a relação entre a depressão e o suicídio e suas possíveis causas. Destacou que o problema da depressão transcende à esfera de atuação do poder público. “Devemos lembrar que as questões ambientais também interferem. O perigo da precocidade do abuso do álcool em idade jovem e a influência dos pais/família como principais incentivadores desse consumo iniciado na esfera do próprio lar”. Elencou os serviços de apoio e prevenção ao suicídio, dentre os quais o CVV.

A Audiência foi finalizada pela Promotora de Justiça da Saúde Filomena Depólito Fluminhan com propostas como: prioridade ao andamento dos Inquéritos Civis que investigam o serviço de saúde mental, a realização de Audiência Pública pela Comissão Permanente da Câmara Municipal de Campo Grande para tratar com as Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde e Educação a respeito da prevenção ao suicídio, além de pleitear junto à Secretaria de Educação sobre a reinserção da atividade física/educação física nas escolas de ensino médio, propondo a realização de discussão sobre o tema.

Texto e fotos: Waléria leite – Jornalista/Assessora de Comunicação