Nesta semana, várias mulheres no Brasil levantaram a hashtag #exposed, acompanhada do nome da cidade, para denunciar diversas situações de assédio, violência, ameaças e abuso psicológico e sexual que sofrem ou que já teriam sofrido. Em Campo Grande, a #exposedCG ganhou força e em questão de horas centenas de mulheres denunciaram situações de abuso em Mato Grosso do Sul através da rede social Twitter.

Este é mais um movimento em meio a tantos que já se espalharam pelo mundo e que acabaram promovendo a consciência social e cultural, mudanças legislativas, e principalmente abrindo espaços por meio das redes sociais para que milhares de mulheres possam denunciar seus agressores e serem ouvidas.

De acordo com a Promotora de Justiça Ana Lara Camargo Castro, é muito importante que a sociedade dê atenção a essas denúncias que são expostas, pois em algumas situações as mulheres podem sofrer consequências injustas de registro de ocorrência ou reparação por dano moral, vindas de agressores que querem desviar o foco de atenção ou fazer antecipação de defesa. Para a Promotora de Justiça Ana Lara, ao mesmo tempo em que as mulheres ganham força e coragem para vir a público denunciar seus algozes, a sociedade estruturalmente machista acaba desqualificando e enfraquecendo essas denúncias, colocando a culpa na própria vítima.

“Quando surge um movimento como esse, se levantam muitas dúvidas sobre a credibilidade da mulher, e isso deve fazer a gente refletir como sociedade, pois o primeiro pensamento das pessoas é imaginar que a mulher está mentindo, está querendo ganhar notoriedade. Ainda vivemos em uma sociedade machista, conservadora, que ainda limita a sexualidade da mulher, e o primeiro pensamento das pessoas é de que as mulheres estão falseando”.

Por outro lado, Ana Lara reforça que as mulheres precisam denunciar e vê nestes movimentos mudanças culturais:  “A importância que a gente vê no movimento é uma mudança de paradigma, das mulheres começarem a ter coragem de denunciar, a não se sentirem culpadas, responsabilizadas, identificarem aquele determinado agressor e buscarem providências a esse agressor. Também vejo um movimento de sororidade, uma rede de aliança, de apoio mútuo entre as mulheres”.

Saiba como denunciar

A Promotora explica que além das redes sociais, existe uma rede de proteção para mulheres vítimas de violência. O Ministério Público Estadual, por meio das Promotorias especializadas, a Ouvidoria do MPMS, as Delegacias de Atendimento às Mulheres e até Organizações Não Governamentais recebem diariamente denúncias de mulheres, crianças e adolescentes, vítimas de todos os tipos de agressões e violência.

Já a Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180 – funciona 24 horas por dia, de segunda a domingo, inclusive feriados. A ligação é gratuita e o atendimento é de âmbito nacional.

A criação deste serviço atende a uma antiga demanda dos movimentos feministas e de todos aqueles que atuam no contexto de mulheres em situação de violência. Além de encaminhar os casos para os serviços especializados, a Central fornecerá orientações e alternativas para que a mulher se proteja do agressor.

A mulher que ligar será informada sobre seus direitos legais e acerca dos tipos de estabelecimentos que poderá procurar, conforme o caso, dentre eles as Delegacias de atendimento especializado à mulher, Defensorias Públicas, postos de saúde, Instituto Médico Legal, para casos de estupro, centros de referência, casas de abrigo e outros mecanismos de promoção de defesa de direitos da mulher.

 

Texto: Ana Carolina Vasques/Jornalista-Assecom