Ex-catadores de materiais recicláveis – atuais cooperados e associados da Usina de Triagem de Resíduos (UTR) em Campo Grande – receberam na tarde dessa segunda-feira (17/8), o quarto lote de cestas básicas e kits contendo produtos de higiene pessoal. A primeira doação de suprimentos feita pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul, representado pelo Promotor de Justiça Luciano Furtado Loubet, Diretor do Núcleo do Meio Ambiente, pelo Ministério Público do Trabalho e pela Justiça do Trabalho ocorreu no dia 8 de abril. A segunda, em 14 de maio, e a terceira, em 6 de julho.

Até o momento, foram entregues mais de 20 mil toneladas de alimentos que têm abastecido cerca de 135 ex-catadores de recicláveis e seus familiares. O valor utilizado na compra dos insumos é proveniente de multa aplicada a uma empresa por descumprimento de obrigações trabalhistas. O pedido para liberação do recurso que estava depositado em uma conta judicial foi feito pelo Procurador do Trabalho Paulo Douglas Almeida de Moraes. As doações já ultrapassaram R$ 140 mil.

A maior parte dos cooperados e associados que atua em parceria com a concessionária Solurb no manejo de resíduos sólidos da Capital recebia antes da pandemia da covid-19, em média, R$ 1,3 mil por mês. Com a renda afetada pela interrupção dos serviços na usina de triagem, entre março e maio deste ano, muitos relataram dificuldade para prover necessidades primárias, como alimentação e higiene pessoal.

Biossegurança

A entrega dos kits com produtos alimentícios e de higiene pessoal vem sendo acompanhada pelo Promotor de Justiça Luciano Furtado Loubet. “Essa iniciativa, em conjunto com o Ministério Público do Trabalho e a Justiça do Trabalho, faz parte de uma articulação que temos desenvolvido para apoiar as cooperativas, no sentido de buscarmos recursos que possam beneficiá-las nesse momento em que foi interrompida a coleta seletiva devido à alta contaminação dos resíduos sólidos pelo coronavírus”, disse Loubet.

Estudo da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária indica o elevado risco de contaminação dos catadores que participam da coleta seletiva, sobretudo na atividade de triagem, pelo contato com os resíduos recicláveis, em cuja superfície o vírus pode perdurar por diversos dias, a depender do tipo de material, apontando para a urgente necessidade de paralisação do serviço.

Coletores de lixo domiciliar é a categoria que mais sofreu acidentes de trabalho na Capital em 2018, quando foram registrados 496 casos. Os dados são do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho. A má separação dos resíduos domésticos expõe esses trabalhadores a riscos que poderiam ser evitados com conhecimento e disciplina.

 Texto: Assessoria de Comunicação MPT editado por Waléria Leite – Jornalista/Assessoria de comunicação MPMS