O Ministério Público de Mato Grosso do Sul, representado pela Promotora de Justiça da Saúde Filomena Aparecida Depolito Fluminhan, esteve reunido, a convite, no prédio da Santa Casa de Misericórdia, com a Prefeitura de Campo Grande e a Secretaria de Estado de Saúde do Estado, na manhã desta quinta-feira (22/10), em virtude da atual situação de superlotação que se encontra a Santa Casa.

A pauta em questão foi apresentada pela administração do Hospital de Misericórdia que afirmou às autoridades presentes que a má gestão de regulação de pacientes tem sobrecarregado o maior hospital do Estado. A Santa Casa foi sobrecarregada, já que, em cinco dias, recebeu 521 pacientes, mesmo diante da impossibilidade de serem atendidos devido às chamadas “vaga zero”, em que os pacientes que não encontram local de atendimento, acabam indo a este hospital. Alguns pacientes portadores de diabetes ou hipertensos haviam deixado de procurar o atendimento. Agora, retomaram seus tratamentos e, muitos, em estado grave. “O caos está instalado aqui no hospital. Pacientes estão sendo despejados”, afirmou Heitor Freire, Diretor-Presidente do hospital.

As autoridades em saúde presentes aproveitaram o momento para fazer uma vistoria, in loco, no pronto atendimento nas alas verde, amarela e vermelha, onde foi constada a superlotação.

Para o Ministério Público Estadual, a atual situação de superlotação da Santa Casa tem muitas causas e variáveis que influenciam. Estas vão, desde questões orçamentárias, questões de encaminhamento de fluxos externos e internos e também à covid-19. Além disso, a Santa Casa ficou na retaguarda para o atendimento das demais doenças que foram contingenciadas pelo Hospital Regional que teve exclusividade para atendimento da covid-19 e pelo Hospital Universitário, além do fato de as cirurgias eletivas terem sido todas suspensas.

“A suspensão desses serviços ocorreu de forma regular, para que os recursos estruturais fossem direcionados para os pacientes da covid-19. Porém, as doenças não pararam e se agravaram. Outro tipo de agravamento é em relação aos pacientes que deixaram voluntariamente de procurar atendimento médico em decorrência da pandemia. Atualmente, nós temos um número muito grande de pacientes procurando assistência. Isso, aliado a outros fatores internos, como a falta de insumos, medicamento e recursos humanos, contribuiu para a atual superlotação do hospital”, afirmou Filomena Fluminhan.

Uma reunião de urgência está marcada pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul para esta sexta-feira (23/10), da qual devem participar a Secretaria de Saúde do Estado, a Prefeitura de Campo Grande, o Hospital Regional, o Hospital Universitário e a Santa Casa. Segundo Filomena Fluminhan, essa reunião tem como pauta exclusivamente a retomada de alguns serviços de atendimento dos Hospitais Regional e Universitário. “A intenção é diminuir o impacto das demandas para a Santa Casa, tendo em vista que, atualmente, Mato Grosso do Sul tem tido uma diminuição nos casos de atendimento à covid-19”, concluiu a Promotora de Justiça.

Boletim epidemiológico

Até o momento, o Estado contabilizou 78.710 casos confirmados, com 350 novos exames positivos em 24 horas. Em isolamento social, 3.903 pessoas estão se recuperando da doença e 72.929 estão curadas. Estes são os dados apresentados no boletim epidemiológico desta quinta-feira (22/10) pela Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso do Sul.

 

Waléria Leite – Jornalista/Assessora de Comunicação

Imagem ilustrativa: site campograndenews