O massacre de Shaperville na África do Sul. Em 21 de março de 1960, a polícia de Shaperville, um bairro negro localizado ao sul de Johanesburgo, na África do Sul, abriu fogo, usando submetralhadoras, contra cerca de 20 mil manifestantes negros, matando 69 e ferindo outros 180, aproximadamente, havendo mulheres e crianças entre as vítimas, a maioria atingida pelas costas. Os negros protestavam, pacificamente, contra o Apartheid e sua lei do passe – regra do regime racista que obrigava os negros a andarem sempre portando uma caderneta na qual constavam as autorizações dos locais em que eles poderiam estar. A ausência da caderneta ou a presença em locais proibidos eram consideradas crimes.

O Apartheid foi um dos regimes legais segregatórios mais violentos da história. Vigeu formalmente na África do Sul de 1948 até 1991. Foi baseado na teoria racista da supremacia do povo branco e conferia diferentes direitos sociais, políticos, econômicos e educacionais a depender da cor da pele. Os negros foram afastados da participação política e da possibilidade de mobilidade social. O regime formalmente classificava as pessoas em brancos, coloridos (mestiços), asiáticos e bantos (africanos de cor) e atribuía diferentes direitos a cada classe.

Após a matança promovida pelo Apartheid em Shaperville, o Conselho de Segurança da ONU, um dia após o fato, editou resolução condenando as mortes e solicitando o fim do regime de segregação. Em razão da forte repreensão internacional à sordidez do regime racista do Apartheid, a ONU, em 1966, por meio da Resolução A/RES/2142/XXI, designou o dia 21 de março como o Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial, em memória da carnificina contra negros em Shaperville.

É importante recordar que a Constituição da República Federativa do Brasil determina a adoção de ações para a erradicação da marginalização e impõe o repúdio ao racismo em todas as suas formas. Por isso, é dever da sociedade brasileira a adoção de medidas que erradiquem o racismo estrutural, diminuindo o abismo que existe entre negros e brancos em relação à riqueza, saúde, educação, trabalho e taxa de mortalidade, por exemplo.

 

Saiba mais.

https://www.un.org/en/observances/end-racism-day

https://www.palmares.gov.br/?p=53647

Referências Bibliográficas: Livro: Shaperville: an apartheid massacre and its consequences. Autor: Tom Lodge. Oxford University Press, USA.

 

Texto: Marcos André Sant’Ana Cardoso - CAODH Núcleo de Promoção da Igualdade Étnico-Racial – NUPIER