O dia 1º de junho é o Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, data de suma importância para a sociedade sul-mato-grossense, pois nos traz a oportunidade de reflexão sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher. O feminicídio é considerado o último e mais perverso grau de violência.

De acordo com os dados do Monitor da Violência, houve um aumento 5,5% nos casos de feminicídio no país entre 2021 e 2022. No período, o Estado de Mato Grosso do Sul registrou a maior taxa de homicídios de mulheres, com 8,3 casos por 100 mil mulheres (FONTE G1/NEV-USP).

Estamos enfrentando uma epidemia de violência contra as mulheres, que ocorre dentro de suas próprias casas e perpetrada por pessoas do seu círculo íntimo. É importante ressaltar que, ao contrário dos crimes de homicídio em geral, que podem ter diversas motivações, os crimes de feminicídio tem uma motivação central: a desigualdade de gênero.

A violência contra a mulher possui raízes na nossa cultura. Relaciona-se com o papel de subordinação historicamente e culturalmente atribuído às mulheres, o que acaba por naturalizar a ideia de superioridade masculina, em detrimento da feminina. 

A naturalização da desigualdade entre homens e mulheres, perpetua a crença de que “a mulher é propriedade do homem”, e caso não siga papéis estabelecidos, poderá sofrer violência. Diariamente, os jornais nos trazem notícias de mulheres que perderam suas vidas pela simples decisão de romper o relacionamento.

Importante aqui a análise do que nós, enquanto sociedade, estamos fazendo para contribuir para o fim da violência contra a mulher? Ainda que de forma inconsciente, será que não reproduzimos esse padrão de pensamento?

É urgente que nos conscientizemos de que essa luta não é apenas obrigação do Estado, sendo também nossa. Somos capazes de ligar para a polícia, quando o som do vizinho está alto, mas pensamos duas vezes em fazer a ligação, quando o barulho do vizinho provém das agressões direcionadas a sua mulher.

O Ministério Público atua de forma incessante pela proteção da mulher vítima de violência doméstica, e a data não poderia passar despercebida. É nosso dever constitucional fomentar discussões, especialmente através de campanhas, como a alusiva ao Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, quando iremos convocar a sociedade sul-mato-grossense para nos unirmos nessa luta. Todos contra o feminicídio! Por nenhuma mulher a menos!

 

Por Clarissa Carlotto Torres – Promotora de Justiça e Coordenadora do Núcleo da Cidadania do MPMS